Em um mundo onde o tempo parece escorrer rapidamente entre nossos dedos, é vital questionarmos: como estão nossos relacionamentos e interações familiares? A correria do cotidiano muitas vezes nos leva a resolver conflitos de forma apressada, sem expressar sentimentos ou entender as necessidades envolvidas, inclusive as de nossos filhos.
Para fomentar relacionamentos saudáveis, é essencial adotarmos a Comunicação Não-Violenta (CNV). Desenvolvida por Marshall B. Rosenberg, a CNV não é apenas um método de comunicação, mas sim uma filosofia que nos convida a repensar como nos expressamos e ouvimos. Ela nos ensina a observar sem julgar, expressar nossos sentimentos e necessidades de forma aberta e honesta, e fazer pedidos claros e respeitosos.
Ao falar de CNV precisamos partir do pressuposto que empatia é a cola que une relacionamentos saudáveis. Quando nos colocamos no lugar do outro, criamos pontes de compreensão. Ao ouvir com total atenção e sem interrupções, mostramos verdadeiro interesse e construímos conexões mais profundas.
Numa relação baseada na confiança, todos os membros da família se sentem seguros para expressar suas necessidades e sentimentos. Construir essa confiança começa por criar um ambiente emocionalmente seguro, onde todos são encorajados a compartilhar abertamente.
Nós seres humanos possuímos necessidades emocionais únicas e a CNV nos ensina a reconhecer e atender a essas necessidades de maneira positiva e empática.
A Prática da CNV na Educação dos Filhos
Para incorporar a CNV na relação com nossos filhos, é crucial entender os quatro pilares essenciais:
1. Observação: Descrever a situação sem julgamentos. Por exemplo, ao invés de dizer “Você nunca me ajuda em casa”, podemos expressar: “Notei que, nos últimos dias, não temos dividido as tarefas domésticas e quando você participa, eu me sinto menos sobrecarregada”.
2. Sentimento: Abrir espaço para a compreensão mútua ao expressar sentimentos. Em vez de “Estou sempre irritado com você”, podemos dizer: “Sinto-me frustrado quando não conseguimos comunicar nossas necessidades adequadamente”.
3. Necessidade: Identificar e atender às necessidades de maneira positiva e empática. Se a necessidade é mais tempo juntos, podemos dizer: “Eu valorizo nosso tempo de qualidade, podemos reservar um momento para conversar sem distrações?”.
4. Pedido: Fortalecer a comunicação através de pedidos claros e respeitosos. Substitua “Você deveria fazer isso” por “Você estaria disposto a me ajudar com isso?”.
Vamos ver alguns exemplos práticos de como aplicar em casa, traremos exemplos que são um dos maiores pivôs de conflitos em casa, a hora da refeição e a hora da lição de casa:
Exemplo Prático: Lição de Casa
Vamos imaginar uma situação comum: seu filho se recusa a fazer a lição de casa. Aplicar a CNV pode ajudar a entender as necessidades e sentimentos envolvidos:
Observação: “Percebi que você está relutante em fazer sua lição de casa todas as noites”.
Sentimento: “Isso me deixa preocupado, pois sei o quanto é importante para você aprender e se desenvolver na escola”.
Necessidade: “Valorizo sua educação e quero garantir que você tenha as habilidades necessárias para alcançar seus objetivos no futuro”.
Pedido: “Você estaria disposto a compartilhar o que está te impedindo de fazer a lição de casa? Podemos encontrar maneiras de tornar esse momento mais agradável e produtivo juntos?”.
Exemplo 1: Recusa em Comer
Ao invés de pressionar um filho a comer, podemos aplicar a CNV para entender suas necessidades e sentimentos:
1.Observação: “Percebi que você não está interessado em comer a refeição que preparei.”
2. Sentimento: “Isso me deixa preocupado, pois quero garantir que esteja recebendo os nutrientes necessários.”
3. Necessidade: Valorizo a sua saúde e bem-estar, e quero encontrar maneiras de tornar as refeições mais agradáveis para você.”
4. Pedido: “Você estaria disposto a compartilhar o que poderia tornar a refeição mais atraente para você? Podemos encontrar opções que sejam nutritivas e gostosas.”
Em nossa comunicação diária usamos a CNV com nossas crianças em todas as situações de conflitos de opiniões divergentes, para nos ajudar de uma forma ímpar a escutar nossos pequenos estudantes e também fazê-los nos entender e entender os seus colegas.
Aqui no Colégio Antão Ferreira, quando ocorre uma situação de ofensa entre alunos, usamos à CNV para escutar todos sem julgar o tomar partido e sim com o objetivo de que se faça valer o respeito ao outro e que ambos comuniquem os sentimentos da seguinte forma, veja um exemplo abaixo:
Observação: “Percebemos que houve uma troca de palavras ofensivas entre dois alunos durante o intervalo”.
Sentimento: “Isso nos deixa preocupados, pois valorizamos um ambiente escolar seguro e acolhedor para todos”.
Necessidade: “Valorizamos a harmonia e o respeito mútuo entre os alunos, e queremos garantir que todos se sintam seguros e respeitados na escola”.
Pedido: “Podemos conversar juntos sobre o que aconteceu e encontrar uma maneira de resolver esse conflito de uma forma que todos se sintam ouvidos e respeitados?”.
A aplicação da CNV na educação dos filhos é uma jornada contínua e enriquecedora. Convidamos todos os pais a praticarem a CNV em casa, criando um ambiente baseado na escuta atenta, no respeito mútuo e na compreensão profunda. Ao integrar os princípios da CNV em nossa rotina familiar, fortalecemos os laços afetivos, promovemos o desenvolvimento emocional e incentivamos o florescimento integral de nossos filhos. Juntos, podemos construir relacionamentos sólidos e amorosos, que transcendem as adversidades e nos guiam rumo a um futuro mais compassivo e conectado.
Para saber mais sobre a CNV, clique neste link abaixo e veja o e-book que nossa diretora preparou para você:
Comunicação Não Violenta na Educação dos Filhos [ANTÃO FERREIRA].pdf
Texto: Patrícia Moura
Diretora Pedagógica do Colégio Antão Ferreira